domingo, 29 de março de 2009

# Poemas retirados do livro : ' Poesia Marginal '

Nada, esta espuma.

Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mais não sei se a deusa sobe a superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
( Ana Cristina César )


/ título desconhecido.

Quando entre nós só havia
uma carta certa
a correspondência
completa
o trem os trilhos
a janela aberta
uma certa paisagem
sem pedras ou
sobressaltos
meu salto alto em equilíbrio
a copo d’água a espera do café.
( Ana Cristina César )


/ título desconhecido.

Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma cama branca
limpa à minha espera:
mudo convite tenho uma vida branca
e limpa à minha espera:
na superfície
foram descobertos
hoje às cinco e meia da tarde
peixes
capazes de cantar
capaz o poeta
diz
o que quero que não quer
e chama os nomes pelas coisas
capazes
de cantar danos causados por olhinhos suados e marés
os olhinhos do poeta
piscam como anzóis
exaustos na piscina
( Ana Cristina César )



Vacilo da vocação.

Precisaria trabalhar afundar
como você saudades loucas
nessa arte ininterrupta
de pintar
A poesia não telegráfica ocasional
me deixa sola solta
à mercê do impossível
do real.
( Ana Cristina César )

○ A vida de Ana Cristina Cesar


Ana Cristina Cruz Cesar (Rio de Janeiro, 2 de junho de 1952 — Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1983), ou ainda simplesmente Ana C., filha de Waldo Aranha Lenz Cesar e Maria Luiza Cesar, nasceu em família culta de classe média e protestante, numa década de 1950 quase bucólica do Rio de Janeiro. Criou-se entre Niterói, Copacabana e os jardins do velho Bennet. É uma das principais poetas da geração mimeógrafo ou da chamada literatura udigrudi ou marginal dos anos 1970.

Começou a escrever ainda criança - antes mesmo de ser alfabetizada, aos 4 anos, ditava poemas para que a mãe os escrevesse. A escrita sempre lhe dominou a vida. Em 1969, viaja à Inglaterra em intercâmbio e passa um período em Londres, onde trava contato com a literatura em língua inglesa. Quando volta da Inglaterra, com Emily Dickinson(Estados Unidos), Sylvia Plath(Estados Unidos) e Katherine Mansfield(Nova Zelândia) na mala, dedica-se a escrever, traduzir e entra para a Faculdade de Letras da PUC do Rio, aos 19 anos.
Começa a publicar poemas e textos de prosa poética na década de 1970 em coletâneas, revistas e jornais alternativos. Seus primeiros livros, Cenas de Abril e Correspondência Completa, são lançados em edições independentes. As atividades não param: pesquisa literária, um mestrado em comunicação na UFRJ, outra temporada na Inglaterra para um mestrado em tradução literária (na Universidade de Essex), em 1980, e a volta ao Rio, onde publicou Luvas de Pelica, escrito na Inglaterra.
Em suas obras, mantém uma fina linha entre o ficcional e o autobiográfico.
Suicidou-se, atirando-se do apartamento dos pais.

- Poesia Marginal


Na década de 1970 não era raro encontrar em portas de bares, teatros e cinemas de grandes cidades brasileiras alguns poetas vendendo seus livros, em geral produzidos com parcos recursos gráficos. O conteúdo desses volumes perpetuou-se na memória dos leitores e dos críticos literários sob a denominação de poesia marginal.

Não é por acaso, portanto, que a prestigiada coleção "Para Gostar de Ler" tenha incluído no rol de seus excelentes títulos Poesia marginal, um mosaico ilustrativo dessa expressão poética brasileira, com os trabalhos de Ana Cristina Cesar, Paulo Leminski, Chacal, Francisco Alvim e Cacaso.

' Poesia marginal é um movimento cultural fundado nos anos 1970 num momento de exceção no país", afirma o carioca Ricardo Carvalho Duarte, ou simplesmente Chacal. Esse momento de exceção diz respeito à ditadura militar vigente no país a partir de 1964, e que teve sua fase mais contundente no mesmo período em que os poetas marginais escancaravam ao público suas diferentes vozes literárias, muitas vezes dissonantes entre si. '
Os poetas marginais :
Musa da poesia marginal, Ana Cristina Cesar influiu ativamente na vida cultural carioca dos anos 1970, redigindo artigos em jornais e participando de debates.
Paulo Leminski era um apaixonado pelas experiências de linguagem dos poetas concretos, mas também usava vocabulário comum, do dia-a-dia.
O poeta e diplomata mineiro Francisco Alvim, ainda hoje em plena atividade literária, apresenta em sua poesia uma vertente lírica e outra mais marcada pela reflexão social.
Dos cinco poetas representados em Poesia marginal, três já faleceram. "Primeiro foi Ana Cristina, que cometeu a indelicadeza de se matar, aos 31 anos, em 1981; depois, Cacaso, que em 1987, aos 43 anos, teve uma parada cardíaca e se foi; por último, em 1989, partiu Paulo Leminski, o genial `cachorro louco´, que tinha vindo para bagunçar o coreto bem-comportado da poesia", lê-se em "O vento no rosto", texto introdutório do livro.

quarta-feira, 11 de março de 2009

# Blog


- Objetivo do blog :
. Conhecer os principais poetas da "Poesia jovem dos anos 70" [ poesia marginal ] e realacioná-la a outras expressões artísticas. // Aqui, informaremos, sobre a grande poeta Ana Cristina César. Vamos retirar alguns poemas do livro "Poesia Marginal" , com autoria da mesma. Serão postados, pelo menos dois poemas, de alguns dos alunos do nosso grupo. Imagens relacionadas aos poemas, vídeos, músicas e muito mais. Publicaremos também, um pouco sobre o que é realmente uma poesia marginal, e sem esquecer de contar um pouco sobre a vida de Ana Cristina .

Trabalho das alunas do Colégio Diocesano Dom Bosco, Petrolina - PE
Matéria: Literatura Brasileira.
Professora: Vera Cezar.
Poeta: Ana Cristina César.
Série: 1º 'C' ,
Componentes: Larissa Torres, Júlia Corrêa, Mariana Ferreira, Caroline Olinda, Amanda Andrade, Laiane do Vale & Bruna Callou.