Nada, esta espuma.
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mais não sei se a deusa sobe a superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
( Ana Cristina César )
/ título desconhecido.
Quando entre nós só havia
uma carta certa
a correspondência
completa
o trem os trilhos
a janela aberta
uma certa paisagem
sem pedras ou
sobressaltos
meu salto alto em equilíbrio
a copo d’água a espera do café.
( Ana Cristina César )
/ título desconhecido.
Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma cama branca
limpa à minha espera:
mudo convite tenho uma vida branca
e limpa à minha espera:
na superfície
foram descobertos
hoje às cinco e meia da tarde
peixes
capazes de cantar
capaz o poeta
diz
o que quero que não quer
e chama os nomes pelas coisas
capazes
de cantar danos causados por olhinhos suados e marés
os olhinhos do poeta
piscam como anzóis
exaustos na piscina
( Ana Cristina César )
Vacilo da vocação.
Precisaria trabalhar afundar
como você saudades loucas
nessa arte ininterrupta
de pintar
A poesia não telegráfica ocasional
me deixa sola solta
à mercê do impossível
do real.
( Ana Cristina César )
domingo, 29 de março de 2009
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